sábado, 1 de fevereiro de 2014

AMOR MAIOR

Então um dia... As coisas simplesmente acontecem!

Quando resolvi criar um gato novamente, lembrava de todas as peripécias, das bolas de pêlos,  da utilização do sofá como arranhador e etc...


Primeiro veio Sofia, pernambucana retada igual a mim, ainda era um bebê, mas já virava a casa de cabeça para baixo. Durante a viagem, reclamou por doze horas e quando chegou detestou tanto o calor da cidade que não podia ver a geladeira aberta que entrava logo. Depois de algum tempo passou a se sentir a dona da casa, tudo era dela e para ela. Carinho, atenção, cama, brinquedos...  Enfim.

Há quase um ano fui arrebatada por uma  paixão, amor a primeira vista mesmo e quando dei por mim, estava sentada no chão da sala com Cândida escondida embaixo do sofá e Caio dormindo atrás do aparelho de DVD na estante. Quando os adotei me disseram que eles eram especiais, só que não fazia ideia do quanto isso verdade. A deficiência visual deles não os deixaram só especiais, os tornaram únicos, principalmente para mim.

Caio é aquele que recebe as visitas.
É o gato mais carente que já conheci, não pode ver ninguém que já pede um carinho. Costumo dizer que ele tem espírito de cachorro, quando chegou latia e não deixa uma sandália inteira. Mas basta me ver chorando que deita no meu colo e só para de me olhar quando eu paro de chorar. É também o companheiro das meninas, dá amor e carinho sempre que uma delas chega perto dele.


Já Cândida é meu "rabo". A continuação de mim. Faz tudo que eu faço e só fica onde eu estou. É a que mais apronta e também a mais carinhosa. Ela conquistou meu amor de uma forma especial. Não achava possível um gato fazer tudo que ela faz e muito menos achava que fosse amar tanto como a amo.



Depois da chegada dos dois Sofia nunca mais foi a mesma. Ela até hoje não aprendeu a dividir o espaço, a cama e principalmente a mãe. Só consegue se entender com Caio. Por causa disso ela sempre fica distante, só quer carinho quando está sozinha comigo. Mas apesar do todo o ciúme, no fundo acho que ela entende que mãe tem amor suficiente para os três.


Já me falaram que eles tiveram sorte por terem sido adotados, só que quem teve sorte de verdade fui eu. Eles me tiraram da bolha que era minha casa chamada solidão. O amor e o carinho são mútuos, mas confesso que eu preciso deles mais do que eles de mim.

No ano passado descobri que tinha um câncer e durante os piores dias do tratamento Cândida não saiu do meu lado, seu carinho me deram forças para não desistir.

Os meninos mudaram minha vida e hoje ela não tem mais sentido sem eles.

Podem me dizer que eles são apenas gatos, mas eu sempre vou dizer que eles não são só gatos, eles são MEUS FILHOS.


Rita Brito

01/02/2014

sexta-feira, 21 de junho de 2013

CONSTRUINDO UM CASTELO

            Quis construir um castelo, imaginei toda decoração... Queria algo que durasse, nem precisava ser para sempre, só até essa vida acabar.
            Cuidei de tudo menos de uma coisa.
            Foi quando veio a chuva e na primeira tempestade as pilastras ruíram e os ventos vindos do sul o fizeram tremer.
            Me perguntei o que fazer? Nem tudo foi destruído, mas tudo foi abalado. Será que uma reforma resolveria? Certamente não! Uma construção tem que ser sólida do alicerce. Mas mesmo assim resolvi tentar. Fui arrumando cada quarto, cada corredor, mas tudo parecia tão difícil. Quando acabava um cômodo parecia que mais dois ficavam bagunçados.
            Algum tempo se passou e eu ainda tentava reconstruir.
            Um dia, cansada, sentei no jardim e olhei tudo a minha volta. Vi o Rei sentado também, descansando, mas não da reconstrução. Lembrei que ele jamais havia me ajudado. Pensei: como pode um Rei não querer ver seu castelo de pé? Aquilo me entristeceu por muitos dias. Tantas vezes quis desistir, mas algo me fazia acreditar que tudo ainda podia dar certo, que aquele sonho ainda poderia ser vivido.
            Meses se passaram e nada ainda estava de pé. Foi quando minha última faísca de esperança apagou.
            Decidi ir embora! Desistir e deixar tudo aquilo ruir definitivamente.
            Decidi pensar em mim, recomeçar em outro lugar e talvez começar a construção de um novo castelo. Dessa vez, posso até ainda não saber o que fazer, mas sei bem o que não devo fazer e manter o antigo Rei longe é a principal delas.


Rita Brito

18/06/2013

segunda-feira, 17 de junho de 2013

A PACIENTE

            Me disseram que estou doente, mas não acreditei.
            (...)
            Como posso estar doente se não sinto nada?
            Mas doente de que? Porque? Para que mesmo?
            Tantas perguntas e tantos medos...
            Segundos de incertezas...
            Soube que as doenças da alma são curadas pelo tempo, as do corpo nem sempre.
            Não questionei muitas coisas. Mas a primeira foi o porque dessa doença? Algo ainda tão incompreensível, tão brutal, que traz tanto sofrimento para todos que estão a sua volta.
            Ouvimos falar das doenças do século. Tantas pesquisas e experimentos e a cura ainda é algo tão incerto.
            Os médicos falam das chances de cura, do tratamento, da vida depois da cirurgia... Mas não falam do medo, da falta de fé que alguns dias bate a porta, do tempo de vida que você ainda terá.
            É bem difícil acordar um dia e saber que você pode morrer mais rápido do que imaginava. Saber que talvez seus últimos dias sejam lutando contra uma doença, e pior, lutando uma luta que você no fundo já sabe quem irá ganhar.
            Não tenho medo da luta, nem de como vou ficar sem cabelos. As vezes nem tenho medo... Mas as vezes também nem tenho forças.
            O que eu quero hoje?
            Que minha família não sofra; Que eu ainda tenha tempo de fazer tudo que quero; Que meus amigos nunca se esqueçam de mim e que eu possa reencontrar aqueles que não vejo há algum tempo; Que minha mãe cuide de meus filhos e que todos possam sorrir ao lembrarem de mim. Que eu possa não chorar quando chegar minha hora e que tenha força suficiente para sorrir até esse dia chegar.
            E até lá... Tentarei apenas sorrir, de um jeito que alguém um dia me ensinou a sorrir, pois tenho certeza que há um lugar em que o sol brilhará para mim.



Rita Brito
27/05/2013

17/06/2013

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Aos 26...


           

          Há um ano atrás, quando fiz 25, tinha grandes sonhos. Grandes não pelo fato de serem quase impossíveis, mas sim por achar que teria uma vida inteira pra realiza-los e que a vida inteira seria tempo demais pra fazer tudo.  Acabei esquecendo que a vida pode ser longa e curta, depende de cada pessoa.
            Durante esse ano, vivi muitas coisas. Conheci pessoas que ocuparam um lugar tão singular no meu coração que nem eu sabia que ele existia. Em todas depositei minha confiança, umas me mostraram que valeu a pena e outras me arrependo de ter até conhecido.
            Trabalhei mais que todos os outros anos. Queria comprar meu carro e meu apartamento. Fiz planos para a construção de minha casa... Pensei em cada detalhe. Cheguei a me imaginar na varanda no final de tarde, tocando o violão e a brisa a meu rosto tocar.
            Senti ainda mais saudade de minha família. Fui lá mais vezes do que todos os outros sete anos que estou longe deles.
            Conheci um sorriso que jamais vou esquecer. Acho que ele será a última coisa que quero lembrar antes de morrer.
            Me tornei mãe! De três gatos lindos, mas o amor que tenho por eles não difere do que teria se fossem filhos humanos. Eles me tiraram da bolha que era minha casa chamada solidão. O amor dos animais é inexplicavelmente incondicional. Alegria, foi o que eles trouxeram para minha vida.
            Tomei o meu pior porre, dirigi pela primeira vez, fumei meu primeiro cigarro... Superei alguns traumas, também vivi coisas que jamais tinha imaginado e não me arrependo de nenhuma delas.
            No meu 1/4 de século achava que a vida estava apenas começando.
            ...
            Hoje, aos 26, começo conseguindo enxergar a relatividade da palavra começo.
            Dizem que quando somos jovens nossa vida está apenas começando. Bem, nem sempre isso é verdade. Até aqui, vivi como se cada dia fosse mais um dos muitos que ainda ia viver. Agora, sinto que estou em um novo começo, mas que para chegar no caminho final, tenho bem menos tempo do que imaginava.
            Aos 26, comecei a eliminar tudo que não me fazia bem. Quando temos pouco tempo, as melhores coisas são aquelas que nos trazem felicidade. Vou tentar pensar assim sempre.
            A vida as vezes me assustou, me levou por caminhos inesperado e me fez aos 26 estar aqui, onde eu estou hoje, sem saber ao certo o motivo de muitas coisas que aconteceram. Mas o importante, é que esses motivos ocultos foram os que mais me permitiram aprender. Aprendi a aprender com a vida e com as situações!
            Talvez um ano seja muito pouco tempo, mas aos 26... quero escrever um livro, ver o sol nascer na praia, andar de skate transcendendo a brisa do mar, viajar pelo Brasil, rever alguns amigos, tocar violão olhando a lua, viver um grande amor e tantas outras coisas que dão sentido ao que se tornou minha vida.
            Hoje pode até ser meu último aniversário, mas espero ainda ter tempo de viver  tudo que desejo AOS 26...

Rita Brito
19/05/2013

terça-feira, 14 de maio de 2013

PERDÃO


    Perdoar não é apenas ter benevolência, é voltar a esperar.
    É deixar de lado todas as mágoas quando se ganha um sorriso.
    É achar que aquele dia é o primeiro, que aquela oportunidade é única e que tudo está começando de novo.
    Perdoar é achar que nunca vai esquecer o sofrimento, mas acabar nunca lembrando quando quer se defender.
    É jurar nunca mais dizer EU TE AMO por falta de merecimento, mas falar sempre sem perceber quando está perdido naqueles braços.
    É chorar de raiva ao lembrar, sentir saudade e lutar contra a própria vontade, mas desistir de tudo isso com um simples toque no braço.
    É esperar de novo uma ligação mesmo sabendo que ela pode demorar como as outras vezes, duas ou três semanas.
    É só lembrar: das brigas a parte da reconciliação, das noites, os beijos e carinhos, dos dias, as vezes que ficava perto.
    É mesmo depois de tanto sofrimento, rezar pela felicidade do outro.
    É tirar da tristeza um sorriso, das lágrimas um olhar de amor e do amor força para transformar tudo aquilo em saudade.
    Se você ainda não sabe perdoar, é porque ainda não amou alguém. Só o amor nos faz aprender certas coisas e perdoar é talvez a mais singular de todas elas. 


Rita Brito
07/05/2013

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Revivendo Sorrisos



Lembrando os momentos revivi seus sorrisos
Pensando em você te trouxe pra perto
Olhei seu sorriso, me vi dentro dele
Pensei: como pode?
E você me olhou...

Senti tua pele sem ao menos te tocar
Lembrei de coisas que jamais conseguiria apagar
Lembrar foi pouco, quis reviver.
Reviver apenas teu sorriso? Não!

Ouvi o barulho que você faz quando sorri
Lembrei do primeiro toque
Pensei no desejo que tive a última vez
Senti até quando não mais sentia você

Fechei os olhos
Ouvi a intensidade do querer
Não soube o que fazer
Ouvi o tempo voltar
Será que de novo vou me apaixonar?
Quisera eu que dessa vez fosse diferente
Ou quisera que fosse tudo igual?

Novamente falei sem pensar
Pensei ao falar
E tudo falei quando apenas te olhei

A ausência da timidez me fez te beijar
Senti novamente o mundo parar
Lembrei de todos os outros beijos
Todos os olhares
Carinho e abraços

Dessa vez você veio quando eu mais precisava
Me fez sorrir e lembrar
Das coisas boas que vivi
Das que eu nunca vou esquecer
E ainda te fiz prometer
Que de tudo ficariam as lembranças
Não como eu
Mas vivas até você morrer




Rita Brito
15/04/2013

quinta-feira, 18 de abril de 2013

MEDO


Sinto medo.
De não mais amar, não mais sentir, não ouvir, não viver... De morrer!
Parei de olhar para o lado e esperar que algo ou alguém viesse de lá.
Parei porque já não tenho mais lado para olhar.
Parei porque já não tenho paciência nem tempo de esperar.
Me desculpe! O tempo hoje corre ao meu lado.
A vida passou e eu nem senti.
Tentei viver e não vivi.
Não quis morrer, mas morri.
Estudei, trabalhei, me casei e em nada me realizei.
Algumas noites talvez me fizeram feliz, o restante não.
Os dias eram muito frios, sempre preferi a madrugada.
Lembro das conversas, dos olhares, dos suspiros e dos sorrisos.
Lembro da janela contando histórias e a lua sorrindo, pois sabia que tudo aquilo era mentira.
O violão querendo falar... As notas sem existir...
Lembro dos anjos, dos bons e dos ruins e também dos querubins
Tudo dentro de uma bolha, como uma bola de sabão: Frágil!
Me quebrei muitas vezes, me joguei de prédios de 20 andares.
Mas o fim só chegou quando tinha que chegar.
Hoje ou amanhã?
Ainda não sei.
Durante esses anos fui...
... Criança que gostou de andar de bicicleta e nunca caiu
... Menina que sonhou viver um contos de fadas
... Mulher que se profissionalizou, amadureceu e se decepcionou
Tentei sempre dar a todos o melhor de mim e não desisti quando o jogaram fora.
Tentei ser santa e fui diaba
Como seria o final de um conto que nunca foi de fadas?
E viveram tristes para sempre?
Dizem que o amor tudo cura... Cura as feridas do coração, mas nunca as feridas da alma.
Muitos esperam novos começos, eu, porém, espero apenas o primeiro, único e novo fim.
Parei de esperar o mundo mudar, mas só quando parei de viver nele!



Rita Brito
07/04/2013