terça-feira, 2 de agosto de 2011

Presente

Um dia, andando na rua, fazendo uma das coisas mais rotineiras, me deparo com alguém. Disse-lhe “oi”, trocamos sorrisos e ganhei um abraço ao final do último passo de dança. Fui embora e só aí me dei conta que havia esquecido algo. Não havia perguntado o nome desse alguém. Continuei a andar, a falar, a dançar, a tão somente viver.  Mais aquele alguém fez morada em meus pensamentos.
Algumas vezes, durante a noite, abria a janela e admirava as estrelas, que são tão raras no céu como esse. Ao fazer isso, tentava inferir do destino o motivo pelo qual aquele alguém havia cruzado meu caminho. Aquilo se repetiu por muitas e muitas noites.
Enquanto tudo martelava na cabeça, o coração gritava pedindo sossego. Esse coração que tanto sofreu, hoje, inquieto, pede apenas solidão.
Passei a andar pelas ruas a olhar para as pessoas, buscava quem sabe assim encontrar aquele alguém. Queria dizer outro “oi” e dessa vez, sem sombras de dúvidas, perguntaria seu nome. Mas de nada adiantou. Parece que o destino andava me pregando peças.
Até que um dia, depois de não muito tempo, o telefone tocou, o destino falou, me disse “oi” e sorriu. Depois daquele dia, tudo mudou. O doce ficou salgado, o branco cinza ficou, o céu se esverdeou e o brilho daquele olhar se eternizou.
Mas quem era aquele alguém, sabia apenas que era um bastão de combate e nada mais.
Queria saber mais, queria viver mais. Mas aquele amor agridoce de todos os dias não me permitia.
Foi quando decidi fugir.
Corri, nadei e remei contra o vento que me levava até ele.
Como fui tola, tanto esforço em vão.
Não se consegue fugir do destino. Digo-vos isso por que um dia, enquanto andava pela praia, vi de longe alguém, a cada passo se aproximando mais e mais. Fiquei atônita. Não conseguia ver quem era, mas sentia. As pernas trêmulas, o coração a palpitar... Era aquele alguém. Mas o que fazer? O que falar? O que pensar? O que sentir?
Quando em minha frente chegou, olhei em seus olhos e a única coisa que consegui fazer foi sorrir. Ele segurou minha mão e começamos a andar. As ondas molhavam levemente nossos pés, como se lavasse nosso passado. Nenhuma palavra se disse. Até que minha ansiedade impulsionou meus sentidos.  Perguntei qual era seu nome, ele me olhou e disse: alguns me chamam de passado, outros me conhecem como futuro, mas pra você, serei hoje e sempre apenas seu PRESENTE.


Escrito por Rita Brito em 02/08/11 ®