terça-feira, 26 de julho de 2011

Meu Nada

Dediquei algumas horas no início dessa manhã a pensar no Nada. Ou seria pensar em Nada?
Às vezes me sinto vazia, sozinha, triste e longe de todos.
E quando isso acontece, normalmente faço as coisas que mais gosto: toco uma música, leio um livro, escrevo algo...
Mas hoje o Nada estava tão presente dentro de mim que acabei por fazer exatamente Nada.
Depois de alguns segundos escutei uma música. Meu Deus! Ela também falava do Nada.
Mais o que de fato é o Nada? Isso martelou na minha cabeça.
Pragmaticamente falando, o Nada é aquilo que não existe, é o não-ser.
Mais como posso pensar em Nada se ele se quer existe?
O certo seria pensar apenas nas coisas que deveras existem.
Pergunto então a você, meu caro leitor. Você consegue de fato no Nada pensar ou em Nada pensar?
Hoje percebi que quem vos escreve, não consegue.
Não consigo pensar em Nada, consigo apenas pensar no Nada. E quando isso acontece o Nada se torna objeto do meu pensamento.
Confuso? Não! Algo extremamente óbvio.
Existem muitos Nadas pelo mundo. Cada pessoa tem o seu Nada e talvez ele seja movido única e absolutamente por suas idiossincrasias.
Mais não quero pensar no seu Nada. Até porque o seu Nada nunca vai ser o meu Nada.
Continuemos, pois, nossos dias, refletindo, vivendo e ansiando um dia talvez chegar ao extremo pensamento de em Nada conseguir pensar.

Escrito por Rita Brito em 26/07/11 ®

Romance

Vamos nos conhecer?
Eu falo sobre mim e você me fala de você.
Vamos namorar?
Eu te peço e você diz que vai pensar.
Vamos duvidar?
Hoje duvido de você e amanhã você duvida de mim.
Vamos dizer a verdade?
Hoje eu falo aquilo que você quer ouvir e amanhã você diz que me ama.
Vamos amar?
Hoje eu te amo e amanhã você apenas gosta de mim.
Vamos aprender?
Hoje você me ensina e amanhã eu te deixo em paz.
Vamos beijar?
Hoje eu te beijo e amanhã você beija um “não eu”.
Vamos casar?
Eu caso com você, mas você não se casa comigo.
Vamos nos apaixonar?
Eu por você de novo e você por alguém novo.
Vamos terminar?
Eu termino com você e você termina com os outros.
Vamos desistir?
Eu desisto de você e você desiste de mim.
Vamos ficar longe?
E assim seremos felizes para sempre.




Escrito por Rita Brito em 26/07/11 ®

terça-feira, 12 de julho de 2011

Aquele Lugar

         Acordei cedo, fui a um lugar incomum em um dia incomum. Vi de perto o sofrimento, a dor, a angustia... Lamentei o sofrimento, me angustiei ao ver tanta dor. 
         Nada pude fazer... Em tudo pensei... Meus olhos fechei... Uma oração exclamei... Um rio de lágrimas presenciei...
(...)
Quanto sofrimento no rosto de jovens e não jovens.
Em meio a tudo lá estava Daniela... Quando a escutei, a olhei... Não deixei as lágrimas caírem, mesmo a vontade eminente do coração sendo dividir aquele pranto... Olhei em seus olhos... Orei novamente... Sua face abatida, semblante tênue. Jamais irei esquecer-te Daniela. Que sejam eternizadas orações e preces.

Por um segundo não queria olhar ao meu redor, queria não ver, mas ainda não era hora!

            Olhei para minha frente, olhei para o nada e tornei a olhar para frente. Ao fazer isso vi a primeira Maria, com seus 85 anos de tristezas, alegrias, trabalhos e vitórias. Seu semblante cansado gritava por descanso, mal conseguindo do leito levantar, gritava pra a vida a deixar ir. 

Lembrei dos meus que já foram e dos que estão tão longe de mim... 
 Do seu lado tinha Dona Ana, sozinha em sua solidão. Com seu sorriso esplêndido, balbuciava vez ou outra seu desejo de ir pra casa. Como aprendi com ela. Todas as vezes que lá voltei ganhei um presente ao qual nenhuma outra pessoa poderia me dar: um sorriso. 
            Ao meu lado dormia a mais jovem de todas, fiquei a observar... Sua mãe do lado acariciava seus cabelos negros. Quanto cuidado, quanto zelo, quanto amor. Seu olhar demonstrava toda preocupação de mãe que ao mesmo tempo se revertia em oração, resultando na certeza da cura. A jovem trazia consigo mais lutas e batalhas como aquelas que sua idade comportava. Todos os seus poucos anos de vida revertidos no semblante de sua mãe.
Em meus 24 anos de existência, posso dizer-vos que poucas vezes vi cenas como essas.
        Mais uma vez lembrei-me dos meus, dos que já foram e dos que estão longe...
          Lembrei-me de minha mãe e do mesmo carinho e apreço que dedicou a mim e a meus irmãos.
          Fiquei inerte lá por mais algumas horas. Quando digo inerte refiro-me a alma e pensamento...
     Outras Marias passaram por lá. Marias que minha boca se quer direcionou um “oi”. Marias com dores e pesares diferentes.
Passei mais algumas horas...
Enfim chegou a hora de ir...
Saí daquele lugar, mas aquele lugar jamais saiu de mim.

Escrito por Rita Brito em 12/07/11 ®


segunda-feira, 11 de julho de 2011

HOJE...



HOJE fiz muitas coisas...
HOJE peguei um gato que estava sentado no asfalto.
HOJE acendi uma vela, mesmo que sem reza... Para mim, para você, para nós.
HOJE cantei uma música nova, daquelas que você jamais ouviu ou cantou.
HOJE toquei uma música, de uma forma que nunca havia tocado.
HOJE a nudez tomou conta do meu ser. Nudez de amor, de querer, de ser, de estar e de prazer.
HOJE não pensei em nada, não senti nada, não amei nada.
HOJE fui grávida, fui mãe, fui filha, fui mulher. Fui Maria, Joana, Acássia e Betânia.
HOJE olhei para o nada, vi o nada, mas ele não me viu...
HOJE fui alguém? Não, meu caro amigo! Hoje eu não fui ninguém.
HOJE tive novos pensamentos, novos anseios, novos desejos. E esses foram os novos mais antigos de minha vida.
Mas a final o que é o HOJE se não o mero ontem quando chegar o amanhã? Não quero pensar! Tenho medo que ele viaje ao passado.
O HOJE não é só um estado nem um mero por acaso. O HOJE é escolha. Mas o que escolher afinal? Eu escolho não escolher. Mas será que posso? Será que devo? Será? Será?...
(...)
Só agora me perguntas por quê?
Escrevo HOJE sobre HOJE, porque só HOJE conheci alguém...
Porque só HOJE me conheci...


Escrito por Rita Brito em 11/07/11 ®