terça-feira, 12 de julho de 2011

Aquele Lugar

         Acordei cedo, fui a um lugar incomum em um dia incomum. Vi de perto o sofrimento, a dor, a angustia... Lamentei o sofrimento, me angustiei ao ver tanta dor. 
         Nada pude fazer... Em tudo pensei... Meus olhos fechei... Uma oração exclamei... Um rio de lágrimas presenciei...
(...)
Quanto sofrimento no rosto de jovens e não jovens.
Em meio a tudo lá estava Daniela... Quando a escutei, a olhei... Não deixei as lágrimas caírem, mesmo a vontade eminente do coração sendo dividir aquele pranto... Olhei em seus olhos... Orei novamente... Sua face abatida, semblante tênue. Jamais irei esquecer-te Daniela. Que sejam eternizadas orações e preces.

Por um segundo não queria olhar ao meu redor, queria não ver, mas ainda não era hora!

            Olhei para minha frente, olhei para o nada e tornei a olhar para frente. Ao fazer isso vi a primeira Maria, com seus 85 anos de tristezas, alegrias, trabalhos e vitórias. Seu semblante cansado gritava por descanso, mal conseguindo do leito levantar, gritava pra a vida a deixar ir. 

Lembrei dos meus que já foram e dos que estão tão longe de mim... 
 Do seu lado tinha Dona Ana, sozinha em sua solidão. Com seu sorriso esplêndido, balbuciava vez ou outra seu desejo de ir pra casa. Como aprendi com ela. Todas as vezes que lá voltei ganhei um presente ao qual nenhuma outra pessoa poderia me dar: um sorriso. 
            Ao meu lado dormia a mais jovem de todas, fiquei a observar... Sua mãe do lado acariciava seus cabelos negros. Quanto cuidado, quanto zelo, quanto amor. Seu olhar demonstrava toda preocupação de mãe que ao mesmo tempo se revertia em oração, resultando na certeza da cura. A jovem trazia consigo mais lutas e batalhas como aquelas que sua idade comportava. Todos os seus poucos anos de vida revertidos no semblante de sua mãe.
Em meus 24 anos de existência, posso dizer-vos que poucas vezes vi cenas como essas.
        Mais uma vez lembrei-me dos meus, dos que já foram e dos que estão longe...
          Lembrei-me de minha mãe e do mesmo carinho e apreço que dedicou a mim e a meus irmãos.
          Fiquei inerte lá por mais algumas horas. Quando digo inerte refiro-me a alma e pensamento...
     Outras Marias passaram por lá. Marias que minha boca se quer direcionou um “oi”. Marias com dores e pesares diferentes.
Passei mais algumas horas...
Enfim chegou a hora de ir...
Saí daquele lugar, mas aquele lugar jamais saiu de mim.

Escrito por Rita Brito em 12/07/11 ®


3 comentários:

  1. Olá floor,bom dia!!
    Obrigada por me seguiiir, meu bloguito estará sempre de portas abertas....leia e comente a vontade.....beijijnhooos otima semana. vick

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  2. Oi Ritinha, que bom que teve novas experiencias e que isso pode mudar sua vida. Ter olhos clínicos pra vida nos faz pessoas diferentes. Viver é um presente, então desfrute todas as manhãs com o que Deus lhe deu. Gostei muito do seu texto ;)

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  3. Bom dia! Em fim pude ter a satisfação de apreciar sua pequena gigante produção... Aproveito para externar neste momento a emoção que cativas em mim, e acredito que nos demais leitores, ao escrever um texto tão verdadeiro, que passa a essência do sentimento dedicado à produção no ato de criação... Tais palavras nos convidam a refletir e viajar junto contigo na história relatada, introduzindo-nos no entorno vivenciado. Obrigado, deixa-me com anseio de novas pérolas, parabéns!!

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