quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

AS MOEDAS DO MEU TELHADO


            Alguns dias não consigo dormir.  Uns pela falta de sono e outros pelas moedas do meu telhado. Elas caem aqui todos os dias desde da minha primeira noite nessa casa. Achei estranho nos primeiros dias e hoje acho ainda mais. Me pergunto como elas podem cair sempre no mesmo lugar todas as noites na mesma hora por um ano?
         Durante esse tempo as escutei sozinha e com amigos e cada companhia a tornaram diferente e singular. Talvez porque as pessoas são diferentes em suas singularidades.
            Sofia ainda são sabe lidar muito com elas, fica olhando para o teto sem entender do que se trata e as vezes até pula como se as esperasse caírem. Algumas noites tenho a mesma inocência dela e outras não.
             Acho que as escuto com mais intensidade porque não tenho um telhado. Pelo menos não como o da maioria das pessoas. O meu é de concreto e ao invés de telha tem vigas de ferro.
            Não conheço muito meus vizinhos e talvez por isso nunca tive coragem de bater na porta e dizer que as suas moedas estavam a me tirar o sono. Só fico olhando para o teto no escuro imaginando o que acontece para elas caírem.
            Alguns dias são muitas, umas dez ou quinze. Outros são poucas, duas, no máximo cinco. Poucas ou muitas nunca deixam de cair. Gosto dessa constância. Queria que algumas outras coisas da vida fossem assim, constantes como as moedas do meu telhado, quem sabe assim me inspirariam a fazer uma nova canção ou escrever outros textos como esse. Mas enquanto isso não acontece, fico aqui apenas a escutar todas as noites as moedas do meu telhado...

                                  
Rita Brito
03/01/2013

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